Curitiba é uma cidade normal. Quer dizer, para os padrões de cidade grande. É fria e cinza na maior parte do tempo e as pessoas parecem não se gostarem. Você vê carro por toda parte e pessoas apressadas achando que estão fora do seu tempo. Todos estamos atrasados de alguma maneira. Dia desses, andando até o shopping Estação, vi policiais abordando um grupo de usuários de crack, usando a violência mais bruta que o ser humano conhece. Descendo a cacetada nos pobres viciados, uma cena lamentável. Pessoas que eram para servir e dar segurança às outras mostrando como não se comportar. Bando de filhos da puta. O pior é sentir vontade de falar alguma coisa pra essa corja mas e o medo de acabar apanhando também? Não deveriam fazer de você um oprimido medroso. Porcos!
Quando eu era criança, certo dia, saí de casa a caminho da escola colocando na cabeça que daria bom dia para todas as pessoas que visse no trajeto entre minha casa e a escola. Encontrei cinco pessoas. Seu Jacinto, o velho que morava ao lado da minha casa, uma menina chamada Natasha com sua mãe que moravam ao atravessar a rua, "Seu Mirto" com seu cachorro dando um passeio e, na esquina da escola, Manuela, que era a menininha que fazia meu coração balançar enquanto a professora nos explicava como funcionavam as frações. Ninguém - nem mesmo Manuela - retornou meu bom dia. Aprendi desde cedo que não se pode confiar em gente da cidade. Aprendi desde cedo que as coisas não seriam fáceis...
Como eu nunca tinha lido essas coisas?
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